É com grande satisfação que seguimos a nossa série de entrevistas com os profissionais que fizeram parte da trajetória da Sondotécnica. Tivemos a honra de conversar com Antero Coimbra Alves, Consultor do Setor de Estruturas, que integra a equipe da Sondotécnica há 52 anos.
Antero participou de grandes projetos da empresa, como a Rodovia Rio-Santos, Estação de Metrô de Botafogo, a Estação de Tratamento de Esgoto Alegria, a Usina Hidrelétrica Samuel, entre outros. Confira a entrevista!
Como foi o início da sua carreira na Sondotécnica?
Foi um início de muito entusiasmo. Me formei em 1969 e iniciei minha carreira de engenharia em uma empresa de pequeno porte. Em 1972, um colega de turma me convidou para trabalharmos juntos na Sondotécnica, onde ele já estava.
Ao chegar, encontrei uma empresa de grande porte, com vários departamentos especializados em engenharia. Também, para minha alegria, encontrei dois professores do meu curso universitário: o Prof. Jayme Mason, meu chefe no departamento de estruturas, e o Prof. Fernando Emanuel Barata, um dos luminares da especialidade de Geotecnia.
Poderia nos contar um pouco da sua formação profissional?
No nível médio, fui formado em 1964 no curso técnico de edificações, na Escola Técnica Nacional, depois chamada Escola Técnica Celso Suckow da Fonseca, nome do diretor na minha época de estudante.
Em 1965, fui aprovado no vestibular para a Escola de Engenharia da Universidade do Brasil, atual Faculdade de Engenharia da UFRJ, onde me formei em 1969, no curso de Engenharia Civil, com especialidade em Estruturas.
Você começou a trabalhar na Sondotécnica em 1972. Quais foram suas primeiras impressões da empresa na época e como você vê sua evolução ao longo desses anos?
Foram muito positivas. Me senti em um ambiente propício para realizar o meu sonho da época: adquirir grandes conhecimentos de engenharia para me transformar em um profissional de elevada competência.
Além dos mestres mencionados anteriormente, os professores Mason e Barata, logo no início tive o privilégio de participar de um projeto orientado pelo Dr. André Katapode, engenheiro grego de vasto conhecimento em Engenharia Civil, certamente um dos maiores mestres que conheci.
Logo percebi que a Sondotécnica prezava pela alta qualidade dos projetos, e para isso constituía um quadro de profissionais de elevada qualificação. Ao longo dos anos, procurei absorver os ensinamentos dos mestres e também estudei bastante, buscando estar sempre preparado para atender às demandas dos projetos da empresa.
Ao longo de mais de 50 anos na Sondotécnica, quais foram os projetos de estruturas mais desafiadores e marcantes nos quais você trabalhou?
Foram tantos, mas começarei pelo projeto da rodovia Rio-Santos, onde, ainda jovem profissional, recebi uma tarefa de muita responsabilidade, de liderar uma equipe de adequação de projeto na obra.
Logo depois, posso citar o projeto da Estação Botafogo do Metrô do Rio de Janeiro, onde aprendi a importância de participar das grandes obras urbanas, que envolvem uma engenharia diferenciada, não só pela interferência direta na vida da população, causando incompreendidas perturbações durante sua implantação, mas principalmente pelo grande benefício posterior proporcionado a essa mesma população.
No projeto da UHE Samuel, dediquei vários anos de trabalho, coroados pela construção de uma usina hidrelétrica no Estado de Rondônia. Vale também mencionar o projeto da ETE Alegria, uma estação de tratamento de esgoto construída no bairro do Caju, na cidade do Rio de Janeiro.
Finalizo citando a obra internacional da UHE Capanda, para a qual a Sondotécnica foi chamada a elaborar o audacioso projeto de desvio do Rio Capanda por uma das unidades da casa de força, o que resultou em uma vantagem econômica, representada pela antecipação do início da operação da usina hidrelétrica construída em Angola.
Como você percebeu a evolução da engenharia de estruturas desde o início de sua carreira? Quais tecnologias e metodologias tiveram maior impacto?
Procurei dedicar muita atenção para acompanhar a evolução da engenharia, ocorrida na normatização, nas metodologias, nos materiais e, principalmente, nos softwares disponíveis para análise e dimensionamento de estruturas — ferramentas importantes que substituíram os processos analíticos com emprego de cálculos manuais.
No meu entendimento, o impacto mais significativo ocorreu com a utilização dos softwares, que trouxeram a possibilidade de reduzir o prazo de elaboração dos projetos, além de fornecer resultados de cálculos mais precisos, influenciando no custo das estruturas.
Com sua vasta experiência, o que você enxerga como as principais tendências e desafios futuros para a engenharia no Brasil?
Nos projetos internacionais de que participei, tive a oportunidade de conviver com técnicos de engenharia de outros países, como os americanos, os russos, os egípcios, os alemães, entre outros.
Nas avaliações desses técnicos, eles sempre expressaram a opinião de que o Brasil possui uma engenharia de qualidade, que nos capacita a participar de obras em todo o mundo, conforme até 2016 já acontecia com as cinco maiores empresas construtoras do nosso país, junto com suas parceiras da área de projeto. Ou seja, a engenharia brasileira já possuía reconhecimento e credibilidade internacionais.
Como tendência, enxergo a engenharia nacional com capacidade para estar inserida no grupo de países qualificados para participar do projeto e construção de obras internacionais, sendo o maior desafio reconquistar o mercado e o prestígio anteriores. Também deveremos retomar a formação de profissionais, voltando a estimular os estudantes a optarem pelos cursos de engenharia, uma vez que serão eles, no futuro, os responsáveis por manter e desenvolver a engenharia de qualidade no Brasil.
Quais são os maiores desafios ao trabalhar em obras de grande porte e como você ajudou a superá-los ao longo dos anos?
Normalmente, as grandes obras são construídas para fornecer serviços essenciais a um grande número de pessoas, e, por isso, seu bom funcionamento passa a ser fundamental. Assim, o maior desafio das grandes obras está em uma construção capaz de assegurar a sua operação contínua, garantida por um projeto seguro.
Nos projetos dessas obras, com a minha participação, procurei contribuir na busca por níveis de segurança adequados e compatíveis com a importância do empreendimento, avaliando corretamente os riscos a serem evitados para garantir seu funcionamento como desejado.
O que você considera essencial para quem está começando na Sondotécnica, tanto em termos de mentalidade quanto de habilidades? Além disso, quais foram os maiores aprendizados ao longo de sua trajetória na Sondotécnica que poderiam servir de orientação para novos profissionais da área?
Na minha opinião, o iniciante na Sondotécnica deverá buscar sua identificação com a empresa, absorvendo seus métodos, processos de trabalho e política. Ou seja, como dizia o fundador desta empresa: “procurar vestir a camisa da Sondotécnica”.
Também será necessário sempre perseguir o seu desenvolvimento profissional e o aprimoramento de seus conhecimentos de engenharia. Dedicar o maior empenho para desenvolver da melhor maneira possível os trabalhos sob sua responsabilidade. Conhecer, aprimorar e usar, em suas atividades de elaboração de projetos, o extenso acervo técnico existente na Sondotécnica.