Foi um prazer entrevistar Érica Guedes para esta matéria em homenagem ao Dia do(a) Engenheiro(a) Civil. Para ela, a profissão representa não apenas uma trajetória de crescimento pessoal, mas também uma oportunidade de impactar positivamente a evolução urbana e o progresso social.
Ao longo da conversa, ela destacou sua paixão por inovação, expressando grande entusiasmo com o uso de ferramentas como o BIM e a Inteligência Artificial para modernizar o setor. Mais do que uma engenheira talentosa, Érica demonstra ser uma profissional que abraça o futuro da Engenharia Civil, incentivando o aprendizado contínuo e a colaboração entre equipes para construir um amanhã mais eficiente e resiliente. Confira abaixo a entrevista na íntegra.
O que a levou a escolher a Engenharia Civil como carreira?
Nos meus últimos anos de ensino médio, o mercado de Engenharia Civil estava aquecido, especialmente no Rio de Janeiro, com diversas obras de infraestrutura em andamento, muitas delas relacionadas à preparação para a Copa do Mundo de 2014 e às Olimpíadas de 2016. Vi na Engenharia Civil uma oportunidade de crescimento e melhoria de vida. Como tinha afinidade com disciplinas de exatas, a escolha por essa carreira foi natural.
O crescimento acelerado das áreas urbanas impõe pressão sobre a infraestrutura existente. Quais são as principais soluções que você acredita serem eficazes para acomodar o aumento populacional, ao mesmo tempo em que modernizamos estruturas antigas?
Revitalizar áreas desocupadas, muitas vezes mantidas ociosas, e transformá-las em moradias e espaços comerciais. Isso permitiria dar uma finalidade adequada a esses imóveis, alinhada com o planejamento urbano e as leis de uso do solo.
Com a crescente incidência de eventos climáticos extremos, como enchentes e secas, como os projetos de Engenharia Civil podem ser mais resilientes a essas condições?
Os projetos de Engenharia Civil, assim como as referências e normativas que os embasam, precisam ser atualizados para incorporar essas condições climáticas, que têm se tornado cada vez mais frequentes.
O uso de Inteligência Artificial no processamento de grandes volumes de dados e na elaboração de padrões e previsões pode permitir um refinamento maior dos projetos, adaptando-os às especificidades de cada região e prevendo com mais precisão os impactos locais.
Como você se mantém atualizada sobre as novas tecnologias e tendências na Engenharia Civil?
Mantenho-me atualizada participando, sempre que possível, de congressos e simpósios da área, que reúnem as novidades mais relevantes do setor. Além disso, para acompanhar as tendências no dia a dia, utilizo redes sociais. Seguir perfis de referência e criadores de conteúdo técnico permite um acesso simples e rápido às inovações e tendências da área.
Com o aumento da complexidade dos projetos, como você vê a importância da integração entre diferentes disciplinas de engenharia? Como essa colaboração impacta o sucesso de um projeto?
A integração entre as disciplinas de engenharia é fundamental para garantir o sucesso de um projeto. Quando há um alinhamento eficaz entre as diferentes equipes, o número de retrabalhos é significativamente reduzido, aumentando a eficiência e a qualidade do projeto.
A compatibilização entre disciplinas evita conflitos durante a fase de implantação, garantindo que os projetos sejam concluídos mais próximos ao prazo e ao orçamento previstos. Ainda, ferramentas como o BIM são de grande valia, pois possibilitam uma visualização integrada e detalhada do projeto, o que facilita a identificação de problemas antes da construção.
Você poderia compartilhar um projeto do qual se orgulha especialmente na Sondotécnica? O que o tornou tão especial para você?
O projeto da praça de pedágio P8 (EcoRioMinas). Além de ter sido o primeiro projeto em que atuei na empresa, ele apresentava um grande desafio geotécnico: a construção de uma praça de pedágio sobre depósitos sedimentares quaternários, representados por sedimentos flúvio-marinhos.
Esse material, com cerca de 11 metros de espessura, possui baixa capacidade de suporte e alta deformabilidade. A solução envolveu a cravação de mais de 2.400 estacas, somando quase 50 km de comprimento total.
Quais mudanças você gostaria de ver na profissão nos próximos anos?
Profissionais mais familiarizados com linguagens de programação e Inteligência Artificial. Outro ponto importante é a implementação do BIM como uma ferramenta central no desenvolvimento dos projetos, algo no qual a Sondotécnica tem se destacado no mercado.
Como os engenheiros civis podem contribuir para a sustentabilidade ambiental ao projetar infraestruturas que minimizem o impacto ambiental?
Nos canteiros de obra, uma das maneiras de contribuir é promovendo o reaproveitamento de materiais, como formas e perfis de aço, além de considerar o uso de energia renovável, como a energia solar, em vez de geradores a diesel, para reduzir emissões.
Na geotecnia, pode-se priorizar técnicas de contenção que se integrem melhor ao meio ambiente. O solo grampeado verde, por exemplo, permite a preservação da permeabilidade do solo, ajuda a controlar a erosão e promove uma integração natural com a paisagem, beneficiando tanto a infraestrutura quanto o ecossistema local.
A adoção de novas tecnologias, como BIM e Inteligência Artificial, é cada vez mais importante no setor. Como essas inovações têm impactado o seu trabalho? Quais desafios e benefícios você enxerga na adoção dessas ferramentas?
A adoção de ferramentas como o BIM e a Inteligência Artificial otimiza o tempo de análise e aumenta a precisão dos projetos. Com o BIM, conseguimos integrar diferentes disciplinas em um modelo único, o que facilita a compatibilização dos projetos e reduz problemas na fase de execução. Já a Inteligência Artificial nos auxilia na análise de grandes volumes de dados e no desenvolvimento de soluções mais eficientes.
Quais conselhos você daria para estudantes de Engenharia Civil que estão prestes a entrar no mercado de trabalho?
Conheça as diferentes áreas de atuação que a Engenharia Civil oferece. Escolha uma área que combine sua afinidade pessoal com a demanda do mercado. Procure ambientes de trabalho colaborativos, onde o aprendizado e a troca de conhecimento sejam incentivados.
A capacitação contínua é essencial para acompanhar as demandas do mercado. Quais habilidades você considera fundamentais para os engenheiros civis atualmente, além do conhecimento técnico?
Além do conhecimento técnico, entendo que o desenvolvimento de soft skills também se mostra de grande valia para se destacar no mercado. Dentre essas, vale citar a gestão de tempo e a organização, que são características cada vez mais demandadas e contribuem para tornar o profissional mais versátil e eficiente.