Nesta semana do Dia Internacional da Mulher, queremos destacar histórias inspiradoras de três mulheres que desempenham papéis fundamentais na Sondotécnica. Confira as entrevistas com a arquiteta Júlia Mantovani Silotto, a engenheira e gerente de projetos, Cecília Rezende, e a engenheira e coordenadora Silvia Ferreira.

Elas compartilham conosco suas jornadas profissionais, discutem os desafios de trabalhar em um setor predominantemente masculino, revelam os projetos marcantes em que estiveram envolvidas e deixam uma mensagem para as mulheres que estão começando suas carreiras.

Boa leitura.

Entrevista com Silvia Ferreira

Foto da Engenheira Silvia Ferreira

Conte-nos um pouco da sua trajetória profissional na Sondotécnica.

No ano de 2021, ingressei na Sondotécnica com o objetivo de assumir a coordenação do contrato de topografia estabelecido com a Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano de São Paulo (CDHU). À medida que o tempo avançava, tornou-se evidente a existência de diversas necessidades adicionais de topografia de outros contratos. Aos poucos, passei a auxiliar na resolução dessas demandas emergentes. Atualmente, a Sondotécnica conta com uma equipe substancialmente ampliada, composta por profissionais especializados nas áreas de topografia, aerofotogrametria, cartografia e geodésia.

A Engenharia ainda é uma área ocupada predominantemente por homens. Como você se sente trabalhando neste universo?

Me sinto desafiada diariamente. No entanto, faço questão de me posicionar com firmeza e convicção, reforçando que estou ali não apenas pela minha identidade feminina, mas principalmente pelo meu talento e habilidade profissional.

Qual o maior desafio profissional que você já passou na Sondotécnica?

Acredito que tenha ocorrido durante o desastre de deslizamento de terra em São Sebastião (SP), em fevereiro de 2023. Naquela ocasião, eu era responsável pela topografia e fornecimento de informações à CDHU para a construção de novas moradias destinadas às famílias afetadas. Contudo, diante da magnitude da tragédia, foi extremamente difícil manter a compostura e não me deixar abalar pela visão das famílias desalojadas, dos idosos, crianças e animais, todos eles afligidos e perdidos no meio daquela desolação provocada pelo deslizamento de terra.

Sondotécnica – Qual projeto que você participou merece ser destacado?

Da mesma forma, em São Sebastião, o campo da engenharia transcendeu sua abordagem tradicionalmente objetiva e passou a contemplar uma dimensão humana mais profunda. Ao invés de simplesmente lidar com números e medidas, passamos a enxergar a realidade por trás de cada área delimitada: famílias aguardando para ocupar esses espaços e reconstruir suas vidas.

Quais são os diferenciais que as mulheres trazem para o mundo da Engenharia? Você tem algum exemplo de como a diversidade de gênero traz diferentes perspectivas para a resolução de problemas ou desenvolvimento de projetos na empresa?

Para mim, as mulheres são mais detalhistas e demonstram uma visão crítica mais aguçada, enquanto os homens tendem a adotar uma abordagem mais prática e simplificada na solução de problemas.

Atualmente, liderando equipes compostas por homens e mulheres, tanto em campo quanto no ambiente de escritório, reconheço a importância dessa diversidade, uma vez que essas características se complementam e enriquecem nosso processo de tomada de decisão.

Como líder, é fundamental entender e aproveitar as habilidades únicas de cada membro da equipe, independente de seu gênero.

Qual mensagem você gostaria de deixar para uma mulher que está entrando no universo da Engenharia?

Não só para mulheres do universo de Engenharia, mas para todas as mulheres: não permita que ninguém defina seus limites ou diga o que você é ou que não é capaz de fazer.

Entrevista com Cecília Rezende

Foto da Colaborado Cecília Rezende

Conte-nos um pouco da sua trajetória profissional na Sondotécnica.

Comecei na Sondotécnica em 1982, como estagiária. Em dezembro de 1983, me formei e fui efetivada como engenheira, permanecendo até meados de 1985. Retornei em janeiro de 1996 como gerente de projetos e estou até hoje na gestão e desenvolvimento de projetos de infraestrutura e multidisciplinares.

A Engenharia ainda é uma área ocupada predominantemente por homens. Como você se sente trabalhando neste universo?

Sempre convivi com engenheiros (pai, avô, bisavô, irmão e tios). Para mim é natural, sem dificuldades. Desde a faculdade. Na minha turma do quinto ano de Engenharia Civil, na UFRJ, éramos 6 mulheres, numa turma de 60 alunos.

Qual o maior desafio profissional que você já passou na Sondotécnica?

Quando estávamos elaborando projeto para Angola, nos anos 2000, em plena guerrilha da Unita, não podíamos fazer sobrevoo, pois os aviões eram abatidos e levantamentos de campo eram restritos, pois as áreas eram todas minadas. Viramos referência em estudos via imagem de satélite de alta resolução.

Qual projeto que você participou merece ser destacado?

São muitos projetos interessantes: o meu projeto atual é o Projeto executivo Civil Complementar da Usina Nuclear de Angra 3, para a Eletronuclear. É bastante complexo e multidisciplinar.

  • Também destaco a Planta de Regaseificação de GNL em Imperatriz do Maranhão para a Eneva/Suzano;
  • As dez Praças de Pedágio para a EcoRodovias;
  • O Projeto Básico da Ampliação do Metrô São Joaquim em São Paulo para a Companhia do Metropolitano de São Paulo (CMSP);
  • O Projeto Básico do Aeroporto de Boa Vista, em Roraima, para a VINCI;
  • Vários projetos de infraestrutura para o Porto do Açu;
  • Projetos diversos de segregação das linhas férreas, incluindo passarelas, fechamentos e passagens de nível para a Supervia;
  • O Projeto Executivo da Unidade de Armazenamento a Seco (UAS) de combustível nuclear usado, incluindo todas as infraestruturas da UAS, localizado na Usina Nuclear de Angra;
  • Muitos projetos de infraestrutura em Angola, projetos de aproveitamentos hidroagrícolas em Moçambique e Venezuela;
  • O Projeto Executivo do Lote E da Transposição do São Francisco;
  • O Projeto Executivo da infraestrutura do Porto do Pecém para a Secretaria da Infraestrutura do Ceará;
  • O Projeto Executivo e Supervisão das Obras da Adutora do Oeste-Pernambuco e Piauí;
  • Além de diversos projetos de irrigação.

Quais são os diferenciais que as mulheres trazem para o mundo da Engenharia? Você tem algum exemplo de como a diversidade de gênero traz diferentes perspectivas para a resolução de problemas ou desenvolvimento de projetos na empresa?

As mulheres têm a mesma capacidade intelectual e gerencial dos homens. A diversidade é sempre um ganho para uma equipe de projeto. Profissionais sêniores junto com os jovens, homens e mulheres trabalhando juntos, são trocas onde todos ganham.

Qual mensagem você gostaria de deixar para uma mulher que está entrando no universo da Engenharia?

Homens e mulheres são diferentes, nem melhores nem piores. Não há diferenças intelectuais. Não há o que temer. Acredite em você e faça sempre o seu melhor.

Entrevista com Júlia Mantovani

Foto da colaboradora Júlia Mantovani

Conte-nos um pouco da sua trajetória profissional na Sondotécnica.

Minha trajetória na Sondotécnica é bem recente. Tenho 7 meses de empresa, sendo contratada em agosto de 2023. A Norma, Gerente de Projetos da Sondotécnica em São Paulo, me convidou para atuar na gestão de projetos de urbanização de favelas no Rio de Janeiro, onde moro há 7 anos (sou paulista).

Norma e eu nos conhecemos desde 2008 por termos trabalhado juntas em contratos de urbanização de favelas com a Prefeitura de São Paulo. Neste contrato de urbanização, minha atuação é de gestão técnica dos projetos, interface com o Cliente e empresas subcontratadas de arquitetura e engenharia.

A Engenharia ainda é uma área ocupada predominantemente por homens. Como você se sente trabalhando neste universo?

Sinto que, por ser mulher, o esforço é ainda maior para alcançar uma boa colocação no mercado de trabalho, posição de liderança e melhor remuneração. É preciso coragem para enfrentar o preconceito e, às vezes, até assédio nesse universo ainda tão predominante por homens.

O aperfeiçoamento profissional, a persistência nos objetivos e a autoconfiança são os principais pontos para a mudança desse cenário.

Qual o maior desafio profissional que você já passou na Sondotécnica?

Minha trajetória ainda é recente, mas este contrato é o mais desafiador que já vivi ao longo dos meus 15 anos de formada.

Quais são os diferenciais que as mulheres trazem para o mundo da Engenharia? Você tem algum exemplo de como a diversidade de gênero traz diferentes perspectivas para a resolução de problemas ou desenvolvimento de projetos na empresa?

O diferencial das mulheres, a meu ver, é a sensibilidade na gestão de pessoas, a construção de um ambiente de trabalho mais acolhedor e criativo, a persistência na resolução de conflitos e a capacidade de sermos multifuncionais.

Acredito que as mulheres buscam resolver conflitos de forma colaborativa, na cooperação mútua para um alto desempenho do trabalho em equipe. Projeto é trabalho em equipe, trabalho em equipe é comprometimento, organização e atenção aos detalhes. As mulheres, de um modo geral, trazem consigo essas características.

Qual mensagem você gostaria de deixar para uma mulher que está entrando no universo da Engenharia?

Se aperfeiçoar, se valorizar e acreditar em si mesma.


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